Petrônio





Petrônio sempre foi um cara noctívago. Gostava de sair à noite todos os dias. Andava na rua. Olhava os transeuntes. Voltava para casa. Fritava um ovo. Assistia à tv. Fumava um charro. Discutia com suas unhas. Penteava os seus pentelhos. Fritava outro ovo. Batia uma bronha. Olhava pela janela. Colocava as nádegas nuas no vidro da janela (que ficava encrostada de bosta). Chamava o elevador (ele morava em um prédio). Peidava no elevador e saía correndo. Voltava para o apartamento. Contava as moscas que ficavam em volta dos restos de pão doce de dois dias atrás. Esfregava o saco no chão da sala (que era de taco). Mordia seus joelhos. Cantava na privada. Fritava mais um ovo. Jogava bistecas cruas na parede (dizia que ficavam mais macias para fritar no dia seguinte). Passava a glande na tela da tv se o programa estivesse interessante. Tomava um café com cachaça. Lia o jornal e ficava com dor de barriga. Cagava na janela (desta vez aberta). A merda escorria aos montes pela parede do lado de fora de seu apartamento. Não se limpava. Ficava com o cu sujo. Comia um salgado comprado na manhã anterior. Não esquentava. Comia gelado. Ria, dava gargalhadas. Escovava os dentes no elevador. Cuspia a espuma aguada e saía correndo. Tocava a campainha dos vizinhos e tocava uma bronha ao mesmo tempo. Esperava alguém atender. Ninguém atendia. Já conheciam a peça e suas manias (uma vez, um velho abriu a porta e teve um enfarte diante de tal cena). Uma velha ficava olhando pelo olho mágico, enquanto
Petrônio se estremecia suadamente numa bronha espasmódica. Ela babava. Ele babava.

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