Erupção Macarrônica
De ressaca. Acorda cedo. Não consegue dormir. Tem um pouco de fome. Há miojo no armário. Pega três pacotes. Bota pra ferver.
Apronta o prato e despeja a flácida massa inerte. Coloca os temperos
industriais.
Começa a comer. O miojo está quente, muito quente. Toma um
gole de refrigerante. Dá mais umas garfadas. Engole mais uma porção pastosa
incrementada, cujo sabor não é especial, nem comum, é ruim mesmo.
Dá um arroto. Percebe algo dentro de si. Há uma fermentação,
uma borbulhação. Sua barriga começa a tremer. Um grito agônico surge de suas
entranhas. Algo acontece visceralmente, literalmente falando.
O miojo sobe. Volta. Erupção macarrônica. Sente o gosto do
alimento mastigado e regurgitado. Vomita uma bolota espessa. Peraí. Vem mais.
Agora é um jorro esbranquiçado que voa pela sala. O chão está branco e pastoso.
No tapete há uma poça gosmenta com alguns resquícios de miojo não digerido.
Terceira leva. Sobe rapidamente. Queima por dentro. Desta
vez sai pela boca e pelo nariz. Consegue sentir os filamentos lamentícios
balançando acima de seus lábios. Faz cócegas.
Olha no espelho e se vê com um bigode feito de miojo. Esta é
a sua vida.
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