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Mostrando postagens de janeiro, 2024

Se os insetos pensam, matar uma formiga seria um assassinato?

  Hoje eu descobri que os insetos pensam. Uma ideia muito ampla para refletir. O universo se multiplica infinitamente com esse conceito. Se os insetos pensam, matar uma formiga seria um assassinato? Se sim, somos assassinos desde a mais tenra infância. O mandamento “Não Matarás” ainda vale alguma coisa? Matar uma formiga por matar. Não pra comer, afinal, quem come formiga, ou barata, ou mosca? Assassinato sem motivo. Imagine quando dedetizamos a casa... Assassinato em massa, massacre, holocausto... A tal da vida é composta por inúmeros assassinatos, matanças e hecatombes. Se houver um julgamento pós-vida, todo mundo é culpado, ninguém vai pro céu... Até o mais pudico vegano já matou uma formiguinha na solidão de um quarto escuro. Todo mundo é culpado. Isso dá um nó no nosso cérebro e um gosto amargo na garganta. Ou todo mundo é culpado, ou ninguém é culpado. Ou há crime, ou não há crime. Não existe meio-termo. Isso meio que prova que a justiça é uma ilusão. A reparação pelo mal c

Quem Mexeu no Meu Saco?

Dois ratos, esquecidos pela humanidade, vagam pelos cantos sujos da cidade grande. À procura de uma pedra de crack ou, ao menos, uma dose de cachaça, andam desvairados, submersos num pânico constante; trêmulos, palpitantes, cambaleantes. A rua parece um labirinto, cheio de obstáculos mortais. De um lado, um policial, com um cassetete girando eternamente em busca de um crânio perdido. Do outro lado há mais viciados, ávidos por dinheiro fácil, com sangue fervente. A madrugada chega. As sirenes tocam. Fumaça de tiros. Barulho de gritos. Os dois ratos tentam achar um lugar pra dormir. O primeiro rato é mais otimista, acha que sairão dessa e encontrarão uma gigantesca pedra de crack, prontinha pra ser fumada. O segundo rato já é mais pessimista, pensa que a qualquer instante terá sua cabeça estourada por um guarda municipal espumando de ódio. Não há lugar seguro. Quase todos os locais estão ocupados por outros noias. Ruas e mais ruas, extremamente fétidas, permanentemente perigosas. Nada po

Acontecido na Roça

Só sei que João viu o disco voador. Tava na casa dele, lá em Mata-Touros, cidadezinha do interior mineiro. Morava num sítio, perto da fazenda do Seu Antonio, que não jogava conversa fora e era bem brabo. João tinha acabado de consertar uma cerca pra Seu Antonio (geralmente fazia pequenos serviços pro fazendeiro a troco de um trocado...). Pegou a enxada e o martelo, botou os instrumentos nas costas e começou a caminhar. Já era noitinha e João tava com uma fome danada, iria jantar aquele típico franguinho na panela que Dona Jocinda fazia tão bem. Ouviu seu estômago roncar alto. Lá pelo meio da andança, João ouviu um barulho que era tipo um zunido; parecia uma vespa tresloucada. Com medo de marimbondo, ele logo apertou o passo. Até que o zumbido ficou mais forte, estava bem próximo. O sitiante percebeu que o barulho não vinha dos lados, nem detrás e sim de cima. Olhou pro alto e viu um negócio que nunca tinha visto. Era uma coisa redonda e preta, que assemelhava-se a um pneu de caminhão g