Frango Assado


O frango foi assado. Virou incontáveis vezes na máquina apreciada por cachorros e transeuntes. A bela máquina. Tem que estar à vista. Não pode ficar escondida. O espetáculo molhado, abafado, cheiroso, deve perdurar. Os frangos, lado a lado. Assando, suando, conquistando. O cheiro convidativo da manhã de sábado. A rua efervescente. O frango no ar. Conversas, buzinas e chamadas radiofônicas disputam a atenção, mas nada impacta a mente como a visão hipnótica de um frango sendo assado em uma máquina giratória. A resposta é imediata. A boca saliva. As narinas dilatam. Os ouvidos procuram, de maneira meio insana, ouvir o inaudível ranger do espeto que continua a virar. Os olhos contraem-se em busca da esquina, da porta de açougue, restaurante, bar, boteco ou padaria de onde origina-se a miragem urbana. A cabeça pensa, imagina, formula uma ideia, um conceito, uma especulação: não sei porque tô com vontade de comer frango com farofa no almoço.

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