A Morte do Punheteiro Viajante

 


Ficava dias e mais dias em viagens intermináveis. Conheceu todo o país. E um pouco da América do Sul. Mas o que gostava mais era das cidadezinhas.

Ernesto Gomes Magalhães Pinto era de uma rica família tradicional paulista, uma típica quatrocentona. Seu tataravô era fazendeiro, dono de imensas plantações de café. A família tinha mansão na Avenida Paulista, prédio no Rio e o caralho a quatro. Resumindo, a fortuna não acabava nunca.

Acontece que, Ernesto era um vagabundo. Nunca quis cuidar dos negócios da família e nunca quis fazer nada da vida. Gostava mesmo era de gastar a gigantesca herança que possuía.

Tinha um hábito particular muito peculiar. Não era só um hábito, na verdade comandava sua vida e era o objetivo de sua existência. Amava viajar. Em ônibus ou trens. Andava pelo país inteiro. Já tinha estado em todas as cidades do estado de SP. Até em pequenas vilas e lugarejos.

Sentia uma excitação tão grande no ato de viajar, que não conseguia segurar-se, precisava aliviar sua antecipada tensão e todo o seu tesão imediatamente. Vestia sempre um sobretudo. No momento que sentava na poltrona, já começava o seu trabalho. Masturbava-se de baixo do sobretudo. Ninguém percebia. Ele sempre comprava passagens que garantiam o último banco e pra não ter problema comprava também a passagem do banco ao lado. Com isso ficava com todo o fundão pra ele. Aí podia refestelar-se no gozo de ser um pervertido sexual sem nenhum incômodo.

Enquanto bronhava, Ernesto olhava as paisagens, era isso que lhe atraía. Não ligava pra mulher, nem pra homem. O seu negócio era a estrada em movimento, as casas passando, o céu, as árvores, o acostamento, a inacabável linha do asfalto.

Ele não tinha limite. Batia a viagem toda. Viagens longas ou curtas. Pelo interior ou pelo litoral. Sua vida transcorria como uma eterna rodovia transnacional indo em direção ao infinito.

O ápice da epopeia de Ernesto se deu quando ele resolveu fazer a mais longa viagem de ônibus do mundo! A rota Rio-Lima. O sonho de Ernesto. 6 dias de puro prazer. 6 mil quilômetros de êxtase extremo.

Planejou muito essa viagem. Levou 3 sobretudos. Estava ansiosíssimo, no bom sentido, quando embarcou. Pois bem, a jornada começou, e logo Ernesto iniciou o seu ofício.

3 horas, 4 horas, 5 horas... 1 dia, 2 dias, 3 dias... Inúmeras gozadas. Imensas distâncias. Atravessando o Brasil e trepando com suas mais belas paisagens. Fazendo turismo fodendo cartões-postais. O coitado acabava-se em porra.

No quinto dia já estavam no Peru. As estradas até que eram boas e Ernesto não pôde conter-se ao ver uma lhama na beira da pista. Esporrou só com o balanço do ônibus.

Tava tudo uma beleza, o paraíso concretizava-se cada vez mais.

Então, o imprevisto.

Quando estavam nas imediações de Puerto Maldonado, um deslizamento de pedras pegou o ônibus em cheio. Morro acima, toneladas de pedras rolaram após uma forte chuva que castigou os arredores naquela tarde. As gigantescas rochas bateram no ônibus com um estrépito tão grande que deve ter acordado os deuses.

Nesse momento, Ernesto tava no meio de uma punheta. A batida o jogou violentamente de encontro ao teto. Arregaçou a cabeça no mesmo instante em que arregaçava o pau numa última gozada. Seus miolos pulavam da caixa craniana, enquanto uma significante quantidade de porra, misturada com sangue, jorrava de seu regojizado pênis. O gozo causou uma súbita sensação de enlevo, seu corpo inteiro foi tomado por uma leveza etérea, como se flutuasse em direção aos céus. Uma luz celestial abriu o teto do ônibus e puxou Ernesto, porra e tudo, numa velocidade indescritível. Jesus sorriu de braços abertos.

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Portais de Notícias

Fluição Desbaratada