Pra quê fazer o quê?

Os sentidos vão se esvaindo, a verdade vai se esquivando. As palavras perdem os significados (já tiveram?). O mundo torna-se cada vez mais inóspito. Um clima hostil paira no ar.

Qual é o motivo de fazer qualquer coisa? Tudo vai ao término e não há nem um pouquinho de diversão. A chatice desvairada impregna a rotina das notícias. O ambiente fica cada vez mais cinza, tomado por politicagens, atrocidades e niilismo qualitativo.

Não há sensação de importância, urgência ou sanidade. Tudo acontece o tempo todo e nada acontece ao mesmo tempo. Qual é o objetivo? A matéria é composta de partículas sem sal, nem açúcar, nem qualquer aparência de continuidade ou valor existencial.

A vida grasna, rosna, solta gases que infestam o universo; e mesmo assim, não há resposta alguma às perguntas mais banais. As certezas vão quebrando, esfarelando, derretendo. As antigas bases da humanidade mostram-se impotentes e desesperadas. O caos vem pra ficar.

Por isso que não há razão. A racionalidade leva a quê? Qual é a diferença entre um pensamento e uma lufada de ar no vazio? As duas coisas não têm relevância alguma no nada da eternidade. Qualquer coisa é assim. Não faz diferença. Não há diferença. Amontoado de coisas iguais, insignificantes, esdrúxulas.

Então, fazer o quê e pra quê? Mesmo a antiguidade já morreu. Os símbolos perdem ou renovam seus sentidos fugazes. A realidade molda-se conforme a pauta do dia. Tudo é desvalorizado. O terreno fica trêmulo, desmoronado.

Tudo cai. A verdade não se aguenta em pé.

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