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Mostrando postagens de junho, 2024

Lombrigadeiro

Joaquim tava numa festinha de aniversário de criança. Não tinha nada de especial e o tédio era forte. Resolveu se empanturrar de brigadeiro. Até que tava bom. Comeu uns 15 brigadeiros e ficou meio estufado. Depois da festa, foi logo dormir. Teve pesadelos e suou a noite inteira. Os sonhos tinham temas sombrios e sufocantes. Numa hora estava numa festa infernal, cheia de diabinhos e dragões; noutra, encontrava-se cercado por sujeitos mal-encarados que queriam decapitá-lo a qualquer custo. Acordava berrando baixinho. Sua mulher nem percebia e continuava dormindo sossegadamente. Segunda de manhã foi trabalhar exausto. Parecia que não tinha dormido nada, e não tinha mesmo. Depois da noite sofrida, do sono entrecortado, só restou uma lembrança de um homem. Tava mais pra morto-vivo, com olheiras gigantescas, a pele ressecada, o bafo apodrecido e a mente enevoada. Na repartição era mais um começo de semana torturante, com a mais cruel das rotinas mostrando os dentes afiados num sorr...

Bênção de Tonto

A Terceira Onda veio com tudo. Com todo seu poder, infestou a Terra. Desde a Bênção do Tonto, Que pintam e bordam. Espalhando mentiras por todos os cantos. Adoram uma glossolalia sacana. As línguas enrolam-se sobre tudo. Englobam glebas e glandes. Genitalizam, gentrificam. Sacodem debaixo das saias e dos ternos. Apenas os outros são os infernos. São internacionais, mundiais e universais. Banalizam todas as atitudes boçais. Óóó, Reinos de Bosta, Lagoinhas de Merda e Bolas de Fezes! Tanto dinheiro, tanto poder e nenhuma honestidade. Óóó, Igrejas Ignominiosas, Templos Traiçoeiros e Cultos Culpados! Amam o absurdo, a desgraça e a calamidade. A ganância faz a fé.

O Pândego Árdego

O pândego árdego anda pelas calçadas da vida a assoviar os dramas e alegrias do dia a dia. É voraz em sua autenticidade. Não se satisfaz com meio-termo. Gosta é de quantidade, mais do que qualidade. Velozmente conduz seu inquieto corpanzil em meio aos transeuntes. Trançando um caminho inadequado e ideal. Atrapalhando mentes distraídas e fascinando pessoas crédulas e ordinárias. Tropeça muitas vezes, mas nunca cai. Seu equilíbrio é paranormal. A força invisível estraçalha o ar com sua motivação indestrutível.   O pândego árdego ri em estribilhos. Comunica-se freneticamente e de forma gutural. Enfurece-se com dificuldade, pois sua paciência é epopeica. Incansável é a sua normalidade. Impossível, sua monotonia. A missão a que se dispõe é uma das mais difíceis da Terra. Acabar com as mesmices do cinzento cotidiano contemporâneo. E ser imensamente profundo ao mesmíssimo tempo.   O pândego árdego não quer avacalhar, nem agradar. Quer existir de alguma f...