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Mostrando postagens de agosto, 2024

Estatuto da Estultice

As estátuas ornam o palácio palerma. Nele está escrito o estatuto onde os sábios estultos gravaram suas normas. Onde é imposto o cotidiano vivido por cada mortal. A roda gira sempre pro mesmo lugar. Fabricam-se coisas, destroem-se outras. O camundongo segue a rotina e nunca abandona suas regras. Se questionar, o estoico tempo o estraçalha. A paz reina no estático. Estrategicamente, os estudiosos estultos constroem a civilização. Seus regulamentos são perfeitos, não têm erro. Também não têm profundidade ou sentido. São retos e lisos, como o chão de um banheiro. A estupidez é a meta. A vida é o alvo. Os estultos calculam eternamente. Cálculos infinitos. Eles nos dão as razões e nos dizem o que fazer. Números que pavimentam a estrada e acimentam as cidades. Algozes algoritmos mandam e desmandam. Os estultos estão contentes.        

Pra quê fazer o quê?

Os sentidos vão se esvaindo, a verdade vai se esquivando. As palavras perdem os significados (já tiveram?). O mundo torna-se cada vez mais inóspito. Um clima hostil paira no ar. Qual é o motivo de fazer qualquer coisa? Tudo vai ao término e não há nem um pouquinho de diversão. A chatice desvairada impregna a rotina das notícias. O ambiente fica cada vez mais cinza, tomado por politicagens, atrocidades e niilismo qualitativo. Não há sensação de importância, urgência ou sanidade. Tudo acontece o tempo todo e nada acontece ao mesmo tempo. Qual é o objetivo? A matéria é composta de partículas sem sal, nem açúcar, nem qualquer aparência de continuidade ou valor existencial. A vida grasna, rosna, solta gases que infestam o universo; e mesmo assim, não há resposta alguma às perguntas mais banais. As certezas vão quebrando, esfarelando, derretendo. As antigas bases da humanidade mostram-se impotentes e desesperadas. O caos vem pra ficar. Por isso que não há razão. A racionalidade leva ...